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1. |
Assalto
03:26
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Ouvi com estrondo o bater da porta
Como um trovão a querer resposta
Ouvi sirenes na cabeça
Fiz a cama, pus a mesa
E a porta era fina como cartão
Dava pa ouvir em cima a vir do vão
Um resmungar com um ar sombrio
Veio cobrar o senhorio
Fui à janela a ver se o via
O panteão emocionou-se
Quando uma abelha quis entrar
'Tava a chover, não se pode molhar
Nem se eu fosse azul
Nem se eu fosse o Camané
Nem se eu fosse os refrões todos
Que ainda falta pa beefar o Tio B
Subia dois degraus de uma assentada
No fim vou ter de subir a escada toda
Fingi que não 'tava em casa
Bazei da janela, já chovia
Fui ver o meu mail, tinha a caixa vazia
A abelha lá fora parecia um enxame
Vazio é bom, não tem spam
Pareceu-me ouvir-te a abrir a fechadura
Segundo a seguir pensei que loucura
Tinhas ido o fim de semana a Braga
Vi alguém na nossa entrada
Saco a guitarra num instante
Pa dar na cara do assaltante
Imaginei-o vacilante
Numa poça do seu sangue
Nem a bófia toda
Os bombeiros e o INEM
Nos podiam preparar
Para a chapada que a verdade nos deu
A nossa casa foi mesmo assaltada
A nossa vida toda devassada à toa
Tudo espalhado no chão
Em sonhos eu sou sempre corajoso como tu
Na realidade comparado sou cobarde
Prefiro chorar bem amarrado
Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar
Em sonhos eu sou sempre corajoso como tu
Na realidade comparado sou cobarde
Prefiro chorar bem amarrado
Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar
Eu prefiro chorar bem amarrada
(Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar)
Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar
(Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar)
Eu prefiro chorar bem amarrada
(Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar)
Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar
(Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar)
Eu prefiro chorar bem amarrada
(Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar)
Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar
(Ou abraçar enquanto tu 'tás a chorar)
Abraçar enquanto tu 'tás a chorar.
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2. |
Exílio
02:38
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Trabalhar é um exílio.
Eu quero é vida boa a vida inteira,
sem trabalho nem carreira
mas o despertador na cabeceira
não está cá p'ra brincadeiras.
Está ali na cabeceira
mas não está p'ra bricandeiras.
Digo sempre obrigado
de acordar ao teu lado.
Como assim? Estavas calado
Eu já estava acordada.
Era em sentido figurado.
Trabalhar não é prisão,
Trabalhar é um exílio.
Da terra prometida a Abraão,
Deus não
pôs entrega ao domicílio.
Trabalhar é um exílio.
Mais certo do que a morte, que é certeira,
é outra vez segunda-feira.
A marca de uma vida rotineira
é o meu rabo na cadeira.
É a marca rotineira do meu rabo na cadeira.
Fica mais um bocado.
Já estou bué atrasado.
Chegou o bicho farrapo, veio-se aqui enroscar,
isso é que é amizade!
Trabalhar não é prisão,
Trabalhar é um exílio.
Da terra prometida a Abraão,
Deus não
pôs entrega ao domicílio.
Trabalhar é um exílio.
Nós os dois e o nosso cão,
reunidos em concílio,
chegámos à conclusão que não
vamos voltar p'ró exílio.
Reunidos em concílio
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3. |
Autocarro
02:21
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Não passo noites no café
e nunca lá perdi nada,
não fico lá para ver
quando é que o resto vai p'ra casa
e o fumo não para
quando chega a dor de cabeça,
vou buscar o meu casaco
antes que me aborreça.
O que eu quero é passear,
andar, andar a passear. (x2)
De costas para o rio
vem aí o autocarro,
sem nunca se ver,
passa ao nosso lado,
sem nunca se ver,
passa ao nosso lado.
Tenho um cão p'ra passear
e andar sem destino,
nunca mais ando sozinha,
agora tenho um amigo
mas se a festa for em casa,
então já estamos cá,
senta-te debaixo da mesa
até teres lugar no sofá.
O que eu quero é passear,
andar, andar a passear. (x2)
De costas para o rio
vem aí o autocarro,
sem nunca se ver,
passa ao nosso lado
sem nunca se ver,
passa ao nosso lado.
Tens razão,
eu é que não tive a noção
do quanto eu não
queria sofrer essa humilhação.
Quer o cão,
que ladra p'ra chamar a atenção,
se levante,
quer faça como o macho relutante
e diga:
"Há quem toque pós-rock
p'rós punks antigos,
por muito que eu toque
toco só p'ós amigos",
aceito o remoque
e fujo contigo,
troco super bock
por jola de trigo.
De costas para o rio
vem aí o autocarro,
sem nunca se ver,
passa ao nosso lado
sem nunca se ver,
passa ao nosso lado. (x2)
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4. |
Relaxado
02:44
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Suave como o sol
a bater no rio espelhado,
nada como o amor.
Como um rato do esgoto,
eu preciso de pouco
p'ra ficar contente.
Mesmo meio no lodo,
não me sinto nervoso
porque sei que me entendes.
Quando eu fico ansioso,
tu atiras-me um osso
a ver se eu fico diferente.
Faço o pequeno almoço,
fazes tu se eu não posso,
arranjamos sempre tempo.
Mas quando eu penso imenso
no clímax fico tenso,
às vezes até estraga o momento.
Dantes ia ao site do IPMA ver o tempo,
coisa que hoje em dia dispenso
Suave como o sol
a bater no rio espelhado,
nada como o amor (relaxado).
Quente e aconchegante,
qual encosto almofadado,
nada como o amor (relaxado).
Quando eu digo "'tou gordo"
dizes logo "'tás tolo,
'tás igual a sempre."
Como um pouco de bolo,
dou por mim, comi todo,
não há quem aguente.
Tu descobres, eu coro,
o amor, como o ouro,
nem sempre é reluzente.
Então eu faço outro bolo,
é p'ra ti eu não como,
mas partilhaste como sempre.
E quando, p'ró almoço falta um ingrediente,
muda-se esse e fica excelente.
Se houvesse uma versão da criação no presente,
assávamos a maçã com a serpente.
Suave como o sol
a bater no rio espelhado,
nada como o amor (relaxado).
Quente e aconchegante,
qual encosto almofadado,
nada como o amor (relaxado).
Suave como o sol
a bater no rio espelhado,
nada como o amor relaxado.
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5. |
Lilos
04:14
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Olha aí são tão lilos,
os dois cotas mais tranquilos.
Boca com tão poucos dentes,
dá-lhes um ar meio de contentes.
Porque não, abordá-los?
Tens razão não queremos maçá-los.
Seguem p'ró café da frente,
em Alfama cheio de gente.
A bica o bolo, é tão bom engordar.
P'la primeira vez
nessa curta (puta) vida
vemos que não vai andar p'ra trás
porque o que ele fez
não compensou a maçada que isso traz.
Mais adiante, num banquito,
a amizade dá lugar ao insulto.
Então não é bom só estar vivo
e ter consigo o seu amigo?
Uma rajada e o vento
leva as nuvens abre o dia
e um pivete subiu do rio
ou da estação do chão com lixo.
Baralhe lá as cartas e volte a jogar.
P'la primeira vez
nessa curta (puta) vida
vemos que não vai andar p'ra trás
porque o que ele fez
não compensou a maçada que isso traz.(x2)
Ó ai ó larilolela(x4)
P'la primeira vez
nessa curta (puta) vida
vemos que não vai andar p'ra trás
porque o que ele fez
não compensou a maçada que isso traz.
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6. |
Montanha
03:57
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Calmas como Budas,
30 e tal a pastar no prado.
Uma das felpudas
salta a cerca p'ró outro lado.
À tal, que chama Judas,
o pastor atira o cajado.
Grita "cabras putas"
todo o gado faz-se rogado.
Lã reluz (x5)
De tão branca a lã reluz.
(podenguito, amigo meu
,essa força quem é que te deu (x2))
Cão está p'rá comporta,
tal e qual ovelha p'ró rio.
Espécie pouco importa,
só se abrigam juntos do frio.
Mesmo manca e torta,
quero ser como a que fugiu,
murcha a flor já morta,
fruta brota onde ela caiu.
Lã reluz (x5)
De tão branca a lã reluz.
(podenguito, amigo meu
,essa força quem é que te deu (x2))
Morre a flor e cai a montanha,
na aldeia ao pé ninguém estranha,
porque a água move a azenha
do inverno até à apanha. (x7)
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7. |
Não é o que parece
03:02
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Anda vem cantar comigo,
sempre fazes o que eu digo
mas não é o que parece.
Náo dá p'ra escolher seres meu amigo,
por isso, fazes o que podes
quando te apetece.
Fico à espera p'ra te ouvir o dia todo
para não ficar no lodo
até saber se o bicho vem.
Ligas-me depois, que sais à rua
p'ra dizer que a sorte a tua
de eu gostar também
e que vais voltar
Para a beira de mim,
viver a vida boa
mas, se gostas assim,
depois ficas à toa,
o que hás-de fazer
se o vício não te perdoa,
arrumo então a mochila
e vou eu p'ra Lisboa.
Anda vem tocar comigo,
nunca fazes o que eu digo,
nem aquilo que convém.
Cavaquinho sempre foi mais meu amigo,
de resto, tudo o que toco,
nada toco bem.
Tocar mal e cantar mal é que é bonito,
que o erro vem do imprevisto,
e é isso que se quer
Pego na flauta e desafino
e a seguir no violino
e se houver alguém a ver,
a desilusão
há-de chegar para alguns,
eu não digo que não
mas quem paga p'ra ver
depois perde a razão,
é preciso saber o que vai causar aversão,
ainda só há 3 anos acabei a canção.
Anda vem passear comigo,
não sei o melhor caminho
mas qualquer há-de servir,
segue p'ró jornal e p'ró café,
nada é longe, nem a pé,
com companhia p'ra subir.
Depois de vir a pomba,
vem gaivota,
se for preciso dá-se a volta,
não és o único a fugir.
Estica o braço e dá-me a mão,
que eu te dou a direcção,
se escolheres onde quero ir
e o que vou comer,
que eu preciso da cabeça,
se vou guardar o saber,
tanto podcast p'ra ouvir
e tanto livro p'ra ler
e com tanta preguiça
nem dá p'ra fazer
o trabalho que esqueço,
se não fores tu a dizer.
Anda vem passear comigo,
sempre fazes o que eu digo
mas não é o que parece.
Não é o que parece (x10)
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8. |
Voltar da escola
03:01
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Sem esperar p'lo autocarro,
vou p'ró comboio a passear.
Cumprimento quem encontro,
evitando olhar p'ra trás.
Chegado aos homens do telhado,
que ainda lá estão a trabalhar,
desço as escadas desalinhadas,
que me obrigam a andar
com consciência dos meus passos,
como quem força o respirar.
Mesmo sabendo o que sei,
tenho medo de voltar p'ra trás,
repetir o que passei.
O que eu perdi,
posso ter agora,
tem mais graça visto de fora.
Eu posso ter agora,
tem mais graça visto de fora.
A ir p'ra casa todos juntos,
dá p'ra esquecer quem fica de fora.
Troco os minutos por semanas
nas contas p'ra ir embora.
Até amanhã e bom fim-de-semana,
Já não posso ser a calada.
Segura o chapéu com confiança,
baixa a cabeça p'ra não voar,
as abas largas que te escondem,
também escondem o olhar.
Mesmo sabendo o que sei,
tenho medo de voltar p'ra trás,
repetir o que passei.
O que eu perdi,
posso ter agora,
tem mais graça visto de fora.
Eu posso ter agora,
tem mais graça visto de fora.
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9. |
Seixal
02:58
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Eu sou cá de baixo,
eu sou cá de baixo,
e há cá quem nunca
queira ver como é que é tudo.
Vem cá ver ao fundo,
vem cá ver ao fundo,
vim no 20 e tal de Abril
de Santa Comba Dão.
Eu sei que é longe,
eu sei que é longe,
entre o rio e o mar e o monte,
terra não é tudo.
Quando cheguei ao Seixal
eu senti-me tão mal,
apesar do sonho tornado real
só fui a casa quando chegou o Natal.
No campo a jogar,
o outro, escultural,
parecia o Sol a bater na cal,
o meu pai disse que isso não tinha mal.
Quando cheguei ao Seixal
senti-me normal.
Assinei aos 12,
assinei aos 12.
Na altura achei por bem
e o pai e a mãe também.
Lembrei-me de estar sentado
numa sala de reuniões,
á espera de ser chamado
e, do outro lado,
a secretária a passar a chamada
a um chefe qualquer.
Como a parede era falsa,
dava para ouvir mais ou menos
o que eles diziam do outro lado
era qualquer coisa tipo,
"Isto não é um sítio p'ra pioneiros,
ele se quer ficar, fica,
mas faz como os outros,
se não, põe-se a andar, cralhes!"
E apertei a mão,
a apertei a mão,
ao presidente
a querer saber se eu estava contente
mas, claro,
Quando cheguei ao Seixal
eu senti-me tão mal,
apesar do sonho tornado real
só fui a casa quando chegou o Natal.
No campo a jogar,
o outro, escultural,
parecia o Sol a bater na cal,
o meu pai disse que isso não tinha mal.
Quando cheguei ao Seixal
senti-me normal.
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10. |
Rio
03:05
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Nem um pio no rio se ouve,
nem um ressonar.
O caudal ficou vazio
p'ra chegar ao mar.
E o som ficou preso num búzio.
Faz-me acreditar
que o rio vai cá ficar
mais um bocado.
E as margens que eram,
já não são
de quem quer dar as mãos.
O lixo não se via,
ia ao fundo.
Sem água é tudo imundo.
Lembrei-me de umas noites
no estúdio.
Pus as recordações
a competir com a realidade,
sem resultados.
Hoje eu sinto uma sede,
há quem lhe chame saudade
e há quem lhe chame vontade
de abraçar sempre p'ra sempre (x2)
Há quem lhe chame vontade
de abraçar sempre p'ra sempre.
Sempre p'ra sempre
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11. |
João Maria
04:30
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E o João Maria
não quer saber, enfim,
sobras tu
p'ra chorar por mim. (3x)
A descer a encosta
eu rebolo na areia,
sacudo-a enquanto olham p'ra mim.
Quando cheguei ao mar,
ele ofereceu-me boleia.
Estava calmo mas enjoo mesmo assim.
Passados alguns dias
e a paisagem já não muda,
já não enjoo em cima do convés.
Mas, se entretanto,
não puder sair à rua,
rodeia-me a vontade
de ir molhar os pés.
Se vais ficar à minha espera,
p'ra acreditar que eu volto um dia,
entretanto vai a Beja procurar o João Maria.
Voltas lá p'ra mais um concerto,
acordas cedo, vais passear pela cidade.
Procuraste o João, até encontrares o certo,
ele próprio te contou toda a verdade:
Que eu era só mais uma,
tem mais três Santa Luzia,
quase nunca me viu nua
e que vais esperar sem companhia.
Sem barco, sem dinheiro,
ficas todo sozinho,
o que eu trouxer, roubei-o com carinho.
P'ra pagar o tempo
sem a tua companhia,
há bacalhau salgado em cocaína.
Se vais ficar à minha espera,
p'ra acreditar que eu volto um dia,
na Colômbia ou Noruega,
tento esquecer o João Maria.
Vens p'ró meu quarto,
cheirar a tabaco,
se não tens cuidado,
fujo de barco com o Paco.
E o João Maria
não quer saber, enfim,
sobras tu
p'ra chorar por mim.(x7)
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CAFETRA RECORDS Lisboa, Portugal
Cafetra Records is a portuguese record label based in Lisbon and founded in 2008 by a group of friends who wanted to make and produce music together. Since 2011 and until today, it has released several records, in as many different formats as in various genres, always sharing a common identity. ... more
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